BOCA AZEDA
domingo, 3 de março de 2013
Momentos
Tem dias que eu sou como árvore
Criando raízes na Rua
Tem dias que sou como o vento
Partindo em busca da Lua
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013
A so(a)ciedade
“Menina, vc engordou!” “Nossa, vc
tá tão magra. Tá doente?” “Essa roupa te deixa mais cheinha.” “Esse vestido te
deixa reta, sem bunda.” “Vc até hj não tem namorado?” “Vc namora todo esse
tempo, tá na hora de casar.” “Nossa, se meu marido fizesse isso eu o largava.” “Vc
largou seu marido? Nunca mais vai arrumar outro.” “Não tá na hora de ter filho?”
“3 filhos? Ta louca? Tá tudo tão caro hj em dia.” “Vc não amamenta mais seu
filho? Ele vai ficar doente” “Vc ainda amamenta seu filho? Seu peito vai cair!”
“Vc devia cortar o cabelo, já tá velha pra esse cabelão.” “Vc cortou o cabelo?
Era tão lindo antes.” “Q horror! Aquela menina nunca usa maquiagem!” “Q horror!
Aquela menina parece q tá sempre vestida pro carnaval!” “Vc não acredita em
Deus? Por isso esse mundo tá tão violento!” “Vc ainda acredita em Deus? Por
isso tanta ignorância no mundo” “Vc trabalha muito, seu marido vai te deixar” “Vc
fica muito tempo em casa, seu marido vai te deixar” “Vc não se cuida mais, por
isso seu marido te deixou” “Vc é feminista? Por isso os homens não são mais
românticos como antigamente!” “Vc é amiga da fulana? Por isso tão falando de vc
na rua!” “Vc é muito otimista sobre o futuro” “Vc é muito pessimista sobre o
futuro” “Vc ri de tudo” “Vc não acha graça em nada” “Vc não tá nem aí pra isso
tudo? Então pq tá escrevendo sobre isso?”
domingo, 24 de fevereiro de 2013
A intolerância religiosa
É de impressionar o nível de
intolerância religiosa que a gente vê por aí. Militantes de todas as religiões
com suas verdades e razões incapazes de compreender as liberdades de escolha. Sim,
eu sou ateia mas nem por isso me sinto no direito de ficar ditando no que as
pessoas devem ou não acreditar. Eu não me importo mesmo, desde que a pessoa se
sinta bem, feliz, em paz. É meio raro ver um ateu impondo seu modo de pensar,
já o contrário... Tem sempre um que me diz: vc ainda é muito nova ou vc ainda
vai entender o significado da vida. Cada qual c suas filosofias baratas e
aquela dificuldade incrível em aceitar que o outro tem todo o direito de
acreditar ou não por qualquer razão que seja. Eu discordo da máxima: religião
não se discute. Não é isso que estou falando. Acho que qualquer pessoa que
esteja aberta em entender o motivo da outra acreditar ou não no que quiser,
dialogar, questionar, acho normal e até saudável. Mas a partir do momento que a
intenção é mostrar pro outro que vc é superior por acreditar nisso ou naquilo,
bom, aí meu querido, eu sempre vou questionar sua crença num tal Deus que é tão
bondoso que vc diz q acredita mas que não te ensinou nada. Matar, gritar,
xingar, encher-se de preconceitos e crueldades infelizmente continuam sendo o
principal motivo da minha falta de crença em qualquer religião. Cada um tem o
direito de acreditar no que quiser, a partir do momento que não ofereça nenhum
mal ao outro. Liberdade de escolha religiosa = liberdade do outro em não
acreditar no que vc escolheu. No final somos todos iguais e merecemos respeito
por nossas escolhas e crenças.
terça-feira, 19 de fevereiro de 2013
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013
Ant A gonia
Se o branco fosse preto
Se o fim fosse o começo
Se no passado não me meto
Se o futuro eu desconheço
Se o tudo tem um preço
Mas o nada, o meu apreço
Se de dia tudo vejo
Se de noite, estremeço
Se é bonito por dentro
Pq não vira do avesso?
Brasil ou Brazil: existe o melhor?
Lendo alguns textos e opiniões de
diversos brasileiros que se mudaram para o exterior e hoje, têm duvidas sobre
voltar resolvi escrever a minha opinião sobre o assunto.
É
certo que, depois que se vai embora, seu coração vive em eterna dúvida e uma
melancolia saudosista. É quase
impossível não se deparar com essa questão e passar por vários momentos de
reflexão com outros tantos momentos em que se tem certeza de uma coisa e logo
após, mudar completamente de ideia.
Eu
sou brasileira (com muito orgulho com muito amor), mas moro fora já há alguns
anos. Aos 16 anos tive a sorte (e escolha) de poder conhecer a Europa pela
primeira vez. Fui para a Inglaterra, país pelo qual tenho enorme carinho e
admiração. Cheguei sem pretensão. Não fazia ideia do que iria encontrar. E me
surpreendi. Foi lá que vi pela primeira vez uma caixinha de moedas perto a
jornais e as pessoas colocavam moedas e pegavam seu próprio jornal. Me choquei:
Isso era mesmo possível? Ninguém rouba as moedas e nem os jornais? Assim
começou minha romântica visão sobre a Europa.
Voltei
ao Brasil e sofri muito pra me readaptar. A vida na Inglaterra era boa, eu
estudava, conhecia pessoas do mundo todo, as roupas de usar de dia eram as
mesmas da noite. Nada de luxos. Nada de superficialidades. As pessoas gostavam
de mim porque quem eu era e não porque era filha de fulano, morava no bairro
tal, trabalha em tal lugar. Era tudo mais simples. Pra piorar, voltei com uns
tantos quilos a mais, o que me fez sentir ainda pior num país onde ser magra é
mais importante do que ser inteligente.
Passei
anos pensando em voltar. E sentia uma saudade do que eu ainda não tinha chegado
a ver. E os anos foram passando, até que arrumei um namorado (quando já tinha
perdido os quilos adquiridos) que estava seriamente pensando em se mudar pra
Portugal. Eu, querendo fazer mestrado, pensei: pq não tentar esse mestrado por
lá? E assim, aos trancos e barrancos c um namorado inseguro sobre o relacionamento,
voltei à tão sonhada Europa.
Ah Lisboa,
cidade lindíssima. Eu acho q poucas vezes na vida conheci cidade mais linda.
Cheguei bem diferente de quando fui para a Inglaterra. Eu agora tinha
expectativas e eram boas. Eu tinha q tentar passar na prova de seleção de um
mestrado e tentar achar um emprego pra me manter por lá. Assim, pela primeira
vez, descobri o que era o “subemprego”, como meus amigos gostam de classificar.
Comecei a trabalhar em um restaurante onde eu não era apenas garçonete, mas tb
tinha que limpar e fazer quase tudo por um salário miserável num processo claro
de exploração. Eis que a visão ingênua da Europa perfeita começou a se
desfazer. Comecei a conhecer a xenofobia, palavra até então que eu só escutava
em notícias internacionais. Tive q mudar minhas roupas “pq uma saia mais curta
e um decote um pouco mais generoso poderiam dar a ideia de que eu era
prostituta”. Conheci a vida de imigrante e poucos portugueses abriram as portas
para mim ou meus amigos. Vi a luta de vários amigos tentando sobreviver, isso
pq éramos estudantes e por isso diminuía consideravelmente a xenofobia com a
gente. Mas apesar disso, a gente saia muito, divertia mais que no Brasil,
conhecia pessoas, viajava pelo mundo. Aqui isso é bem mais fácil. Mas passei
por péssimos momentos com péssimos empregos e péssimas pessoas (não estou
dizendo que isso não acontece no Brasil, simplesmente relato experiências
pessoais). Posso dizer q o fato de ser estudante e saber q aquilo ali “vai
passar” torna a vida de imigrante menos amarga do que ela é. Ser estudante na
Europa é uma experiência única. Vc aprende a dar mais valor nas pessoas do que
nas coisas, isso no Brasil é mais difícil. Nesse meio termo, entre o péssimo e
o melhor que já vivi, fui passar férias no Brasil (ahhh como eu tinha
saudades). E em um mês lindo vendo amigos, família, comendo pão de queijo e
tudo q minha mãe preparava deliciosamente para o meu deleite, decidi q era hora
de voltar. Que a vida de imigrante já tava cansativa e já era hora de voltar a
me sentir parte. Voltei a Lisboa somente pra me organizar pra voltar e eis que
o inesperado acontece: me apaixonei por um francês (sim, ainda bem, o namorado
inseguro já era parte do passado). E de repente, aquela certeza de voltar ao
Brasil deu lugar a um: e como seria morar na França? (aliás, a diferença entre
homens brasileiros e europeus merece um capítulo (e clichês) a parte. Fica pra
próxima).
Enfim, depois
de um tempo fui para a França passar umas férias e eis que meu namorado me
surpreende com um apartamento alugado pra eu finalmente me mudar. Nesse
processo decidimos nos casar no Brasil e depois voltaríamos pra viver na
França. Com alguns acontecimentos familiares, fui passar uma temporada de 6
meses no Brasil e esperar pelo casamento para que resolvêssemos os papéis e
voltássemos. Só então que fui redescobrir o q era o Brasil.
Depois de + de
5 anos fora eu não fazia muita ideia do que iria encontrar pq tudo q se fala na
Europa era sobre como o Brasil havia se tornado o país do momento. Voltei então
e meus olhos viam as coisas de outra forma. As pessoas tem uma amabilidade
quase que superficial. O ter continua sobressaindo ao ser (disparaaaado). As
pessoas são bajuladoras e normalmente se divertem falando mal dos outros. Na
hora de sair é aquele sufoco, pensar a roupa q vai usar, no que pode ou não
fazer. Confesso que eu nunca me importei muito com a opinião alheia, mas tem
hora q incomoda o “faz de conta”. Tirando que as pessoas são muito acomodadas
com as coisas ruins do país. Não reclamam da violência, da corrupção, no Brasil
é tudo “normal”. Meu irmão me contou que foi assaltado com a filhinha recém-nascida
dele dentro do carro quase como se conta que foi comprar pão no mercado. E a
gente só ouve e diz: ainda bem q nada aconteceu a vcs. Somos reféns dos
bandidos e as pessoas “odeiam” política. Inteligência é pouco valorizada,
amizades tem preço, vc é o que vc tem e a grande preocupação é com o corpo. Se
vc tem senso crítico é chamado de polêmico, rebelde e outros adjetivos
parecidos. O povo tem preguiça de pensar e ainda mais de agir. E de repente,
olhei pro lado e me vi perdida no meio de conhecidos. Se sentir um estranho em
terras estrangeiras é normal, mas se sentir estranha em seu próprio país é
quase que bizarro. Eu só queria gritar: e agora, não pertenço a lugar nenhum
mais? Passei então pelo processo de desmistificação do “Brasil é o país do
futuro”. Logo depois de me isolar por vários meses, resolvi abrir as portas da
cabeça e do coração e observar que ainda existem muitíssimas exceções. E comecei
a ver um outro Brasil, aquele que eu tinha (e tenho) saudades. Encontrei novos
amigos, reencontrei antigos, descobri gente q dá valor a tudo que é realmente
importante como amizade, respeito ao próximo. Vi gente engajada na política.
Amigos que tinham bons papos em bares (sem ficar falando da vida alheia). Vi
muita gente boa, muita coisa legal. Fui ao Rio de Janeiro e me maravilhei
novamente com aquela cidade. Tive portas abertas e corações mais abertos ainda
por onde viajei com meu marido. Beijei minhas primas. Enterrei minha avó numa cerimônia
quase que doce. Curti meus sobrinhos. Bati papo c meus irmãos. Descobri q tenho
mais do meu tio que eu jamais pensava. Cuidei da minha mãe e curti meu pai como
nunca havia. Bebi com meus amigos (os novos e os velhos). Falei besteira, vi
novela, comi pão de queijo até não querer mais (mentira, sempre quero mais). E
vivi muita coisa linda q me fez chorar no aeroporto.
No fim disso
tudo, voltei pra França, país do meu marido. Ainda conheço pouco pra falar
sobre como são os franceses, como é a vida aqui. Mas estou com o meu amor,
feliz e com o coração mais que aberto pra tudo q a França tem a oferecer.
Depois disso
tudo percebi que procurar o lugar perfeito é perda de tempo. Que lugar perfeito
é onde a gente está. Que é o que fazemos qdo somos e estamos felizes. A Europa
é linda, tem as 4 estações muito bem definidas, eu vou pro bar na garupa da
bicicleta do meu marido, sem medo, tem neve e frio (muito mais do que eu
gostaria), amigos queridos, é um estado laico (coisa q eu mais sinto falta no
Brasil) e, tem o principal, que é o meu marido. O Brasil tem minha família,
amigos da vida toda, tem sol (ai como eu amo o sol), tem praias quentinhas, tem
gente feliz e chopp no fim do dia.
Enfim,
independente de onde eu estiver eu vou ter o que amar e o que detestar, isso é
inevitável (principalmente em pessoas q tem senso crítico). A visão romantizada
de qualquer lugar é uma grande tolice pq os problemas sociais existem em TODOS
os lugares. No fim das contas o que me importa não é ter coisas pra gostar, mas
sim, ter sempre A QUEM amar. Tenho os pés pelo mundo e o coração também. Por
isso, depois de toda essa experiência, tenho outro tipo de romantismo e só posso
afirmar uma única coisa: a minha nação é qualquer lugar onde eu encontrar gente
que me abrace.
Assinar:
Postagens (Atom)